Prestando ajuda para amigos no ramo de carros, vou aliando trabalho e prazer.
Hoje foi um dia de muitas recordações...
No fundo de uma loja havia um objeto de cobiça e também de memórias para quem gosta de carros ou até mesmo para quem não gosta. No seu bege original de fábrica, seu banco inteiriço, volante de raio fino e seu câmbio com um "click" único da Chevrolet. Era um Opala.
Ano de fabricação: 1976. Quilometragem: 79 mil kms originais.
Vi esse carro a semana inteira, mas não quis entrar nele. Sabia que faria uma viagem no tempo...
Mas hoje um amigo aficcionado por Opala me fez esse favor.
Detalhes que estavam presos na memória se libertaram. O som original com seus detalhes cromados me lembraram dos dedos do meu avô tentando sintonizar suas estações preferidas no rádio dele.
A bomba de esguicho de água do pára-brisa no assoalho para ser acionado pelos pés me lembrou do nostálgico sapato 752 Vulcabrás que Seu Dagô usara a vida inteira. Sempre brilhando. Sempre polido.
O banco traseiro com seu tecido impecável lembrou da minha pequenez de infância, onde aquele banco parecia muito maior que realmente era e as viagens também, muito mais longas.
Por um momento me lembrei da minha Vó se virando para trás: "Já estamos chegando no sítio, meninos!"
Olhei para o lado e vi meu irmão com sua bota vermelha e short curto tentando ver algo pela janela mais alta.
E, depois de 25 anos, sentei onde sempre quis: no banco do motorista.
Brinquei de motorista passando marchas com o carro desligado. Consertei o espelho retrovisor e vi que havia um lágrima no meu rosto.
Garanto que não era saudade do Opala...
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